segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Experiência arretada

Eu queria que esse post tivesse som e cheiro para poder dividir com vocês com mais realismo o programa desse domingo de calor (infernal). Imagens, tenho bastante, e durante a semana vou colocando aqui. Mas o resto...

Sei que alguns de vocês já devem ter frequentado a Feira de São Cristóvão, mais conhecida como a Feira dos Paraíbas, ou dos Nordestinos. Sempre tive curiosidade mas não sei dizer porque nunca realmente fui. Talvez porque achava que me sentiria um peixe fora d`agua, urbana que sou, e realmente todos me olhavam como se eu fosse turista (acho que eu era a única loira lá). Até inglês ensaiaram falar comigo!

Mas depois de relaxada, passei a circular por aquelas ruelas com mais naturalidade. Fiz questão de parar e falar com alguns (sempre em português) para ninguém olhar para mim como um E.T.

As músicas, as comidas, a moda, tudo é muito pitoresco. Vou tentar descrever um pouquinho de cada coisa mas é realmente impagável passar uma tarde lá (custa R$ 1,00 a entrada).

Cheguei ao som de Asa Branca e o sangue nordestino, que não corre nas minhas veias, deu uma circulada! Claro que as variações de forró também marcam presença (não sei como é que se chama o ritmo da Banda Calypso mas tudo que toca é parecido).

Existem versões abrasileiradas e aforrozadas de todos os "hits" internacionais, desde Roxette ("Spending My Time" virou "Na Hora de Amar"), James Blunt, Celine Dion... A clássica "Can`t live without you" tem o refrão cantado "Paulinha... por que se casou?"

Ao tocar os "sucessos" o povo vai à loucura. Todo mundo sabe cantar, até as crianças, e não demora para você se pegar cantando "Senta que é de menta" ou "Chupa que é de uva". E é um pouco fora de controle tentar ficar parado. Aquilo vai subindo, que começa meio de brincadeira mas se tivesse "um par" ia bem lá pro meião me embolar. Sugeriram que eu não me mostrasse tão animada ou ia sobrar para dançar com um Severino! Quietinha, Anna!

Por falar em meião, é lá na frente do palco em formato de chapéu de cangaceiro que o povo bate coxa. Eu tinha certeza que ia encontrar alguma camareira ou garçom do Hotel, meu porteiro ou alguém da extração. Se encontrei? Não sei. Lá eles eram todos iguais. Eu é que era a diferente. Vamos ver se hoje alguém diz que me viu por lá.

Ah! Além da opção do show nesse palco, tem vários lugares que tem sua própria música, seja com um caboclo tocando ou no CD mesmo. Tem videokê (aguardem a melhor foto do programa - na minha opinião). Só que tem gente que prefere só ficar olhando. E é aí que entra uma mistura de cinema com templo, bem no meio do pavilhão. Os bancos são tipo de igreja, com anúncios entalhados nas costas. No "altar", uma televisão, que na ocasião reproduzia o DVD do show em homenagem à Luiz Gonzaga. A platéia, quietinha, acompanha tudo com os olhos vidrados. Ao lado, uma barraquinha vende os DVDs e CDs, claro!

No quesito gastronomia, eu não me arrisquei. Muita gente vai lá para comer carne de sol e outras iguarias típicas. Eu realmente não estava com estômago. Farinhas de todos os tipos, tapioca, queijo coalho, feijão de corda, rapadura, cajuína, manteiga de garrafa e, claro, Guaraná Jesus! Esse eu tinha que provar. Aquele líquido cor de rosa que parece uma experiência recém saída do laboratório de química da escola tem gosto de... sei lá! Está mais para xarope do que guaraná!

Por falar em bebida, cerveja só no latão! E sabe quando você pede no bar um "baldinho com 6"? Lá também rola, mas o balde é igual ao que você usa aí na sua casa para fazer faxina. Todas as cores possíveis. E os latões lá dentro, no gelo. Também bebem "Ice" de umas marcas nunca vistas (a única que conhecia era a Kovak - imagine o resto!).

Faltou a moda... Bom, o estilo por lá é tudo o que não se usa na Zona Sul. Calça popozuda (mesmo quando está fora de forma). Blusa muito justas, curtas (mesmo quando está fora de forma) de cores bem fortes, com todos os tipos de alças possíveis, ou com frases como "The Best Style" ou "Sexy Urban Girl", as sandálias tem plataforma, tudo no maior capricho! Todas lindonas para os seus cabra-machos.

Acho que essa foi a experiência mais popular da minha vida. E não me senti mal não. Eles não estão nem aí, querem se divertir, dançar, comer! É o pedaço deles aqui nessa Terra de Marlboro. Aqueles rostos marcados pelo sol, pelo trabalho, por dificuldades, vincos cheios de histórias para contar, estão registrados na minha retina e em muitas fotos. As outras sensações, estão gravadas no HD do meu cérebro.

7 comentários:

UtópicA disse...

As "Ice" são mesmo exóticas, as embalagens são até de plástico, reparou? Mas nada como guaraná Jesus - não pra beber muito, e sim só pra dizer "eu bebi Jesus".

Renatinha disse...

Que delícia, se misturar na Feira dos Paraíbas.... Imagina, esta foi a sensção quando me mudei para Recife, eu passei a morar lá, no recinto que custa R$ 1,00 a entrada e para sair só Deus sabe como fazer...
Um mundo novo se abre netse Brasil tão grande e cheios de culturas... Curta ele... rs
beijo
Re

IsABela araÚjo siLVA disse...

fiquei com invejinha do teu passeio, com certeza deve ter se divertido muito... na verdade aqui em brasília rola ambientes parecidos em vários lugares diferentes, mas eu nunca me aventurei, quem sabe me animo?

Wilson disse...

só tô imaginando a cara de JC ao ler este post... rs rs rs... ah, Anna Luiza, tu é impagável mesmo... hein!

Anônimo disse...

as fotos estão otimas! programa que já ameaçou várias vezes de acontecer mas nunca rolou... qdo for vou no sábado à noite pra dançar um bate-coxa! hehehe

Paula Nigro disse...

Quando vier a São Paulo, não deixe de ir ao CTN - Centro de Tradições Nordestinas.
Para nós, urbanas, é um prato cheio de cultura. Um outro mundo, muitas curiosidades. Interessantíssimos!!!
Adoro gente! De "todos os tipos".
Beijos

Brunno, disse...

Tá, mas e a foto do videokê?!?! poxa!! Vc adora fazer isso!!! rsrsrs
Adorei o texto e principalmente os "nomes" dados as fotos. D+!
Beijos com saudades