sábado, 31 de janeiro de 2009

A diarista

Sobrevivi!! 1 mês sem empregada (férias...)! Ainda faltam 3 dias e sinceramente não sei se ela vai topar arrumar esse humilde apartamento quando pisar aqui na terça-feira.

Minha casinha está um pequeno caos... Ontem, ao chegar em casa, tive a nítida sensação que tivesse entrado um ladrão aqui eu não ia perceber. Na verdade, acho que ele iria desistir de achar o meu pote de ouro no meio de tanta bagunça.

Ia contar quantos pares de sapato e de havaianas tem espalhado pela casa mas fiquei com vergonha.

Não lavei uma peça de roupa (lavadora enferruja??) mas lavei louça quando acabaram os talheres, copos e pratos limpos no armário.

Comprei uma vassoura nova (verde-limão) ao me assustar com a quantidade de cabelo que fugiu da minha cabeça para habitar o chão! Dava para fazer uma peruca! Impressionante!

Acho que tem mais roupa fora do armário do que dentro...

A mala que viajei no Reveillon ainda está na sala (vazia porque acabei usando as roupas que estavam mais a mão)

Descobri que todo produto de limpeza serve para limpar qualquer coisa.

Enfim, guardado o devido exagero dessas informações, minha casa está uma bagunça sim! Não vejo a hora da mal humorada voltar! E espero que ela não peça demissão! E minha mãe deve estar de cabelo em pé nesse minuto!

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Pérolas Infantis

Mãe comentando sobre as habilidades do filho de 6 anos:

- O João adora esportes, não é, meu filho?
- É, mãe... Eu faço natação, faço tênis...

Pára por uns segundos e complementa com dúvida:
- Fono é esporte?

sábado, 24 de janeiro de 2009

"Nada dura para sempre"


O que dizer sobre o filme "O Curioso Caso de Benjamin Button"?

Enquanto produção, quem sou eu para julgar? Deixo os especialistas com essa tarefa, apesar de ter ficado chocada com o que eles conseguiram fazer!

Agora, se for para falar de lição, me pego com uma série de pontos que dariam uma discussão e tanto. Falar de idade, de envelhecer, de perda, de amor,... são assuntos tão sensíveis que me aperta o coração só de tentar.

O fato é que muita gente tem mania de reclamar de envelhecer, de preferir os tempos passados, de pensar sobre as vantagens e desvantagens do tempo, de achar que era feliz quando era mais jovem, ou que os melhores anos ainda estão por vir, e na verdade acabamos deixando de curtir o hoje, as pessoas que estão HOJE na sua vida e que amanhã podem não estar mais.

A utopia de nascer velho e morrer jovem só é "perfeita" quando pensamos no espírito. Rejuvenecer com o passar dos anos só é possível assim, pelo lado de dentro. A "lataria" que carregamos que chamamos de corpo tem o seu papel a cumprir e não poderia ser diferente, como mostra a "viagem" de David Fincher.

Saiba envelhecer, tomar decisões sem esperar "a hora certa" e colher os frutos dessa vida. Não deixe nada para a próxima. Essa é uma questão que não cabe ao você de HOJE!

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Mais seis décadas

Minha mãe fica mais bonita a cada ano que passa.

Minha mãe é uma guerreira que está ao nosso lado para o que der e vier.

Minha mãe está escrevendo (à mão) um livro sobre a sua história e vai chamar "Antes que eu me esqueça".

Minha mãe é a pessoa mais organizada que eu conheço.

Minha mãe é a melhor cozinheira do mundo e adora agradar a gente com seus quitutes.

Minha mãe adora arrumar uma desculpa para passear no Rio.

Minha mãe tem trauma dos presentes que ganhava quando criança.

Minha mãe quase voou com o guarda chuva de tão magra que era.

Minha mãe é apaixonada pelo Chico Buarque.

Minha mãe adora aquelas comidas "esquisitas" como frango com quiabo, rabada, frango ao molho pardo...

Minha mãe borda e costura as coisas mais lindas (tá fera no patchwork!).

Minha mãe me liga quase todo dia de manhã (e eu adoro!).

Minha mãe adora Brothers & Sisters (não é, Norah Walker?)

Minha mãe sonha em ir para Bariloche.

Minha mãe tinha 6 irmãos. Restam 3 de quem ela sente falta de ter uma relação mais próxima.

Minha mãe gosta muito de ler e de ganhar livros.

Minha mãe tem insônia.

Minha mãe está louca para ter netos.

Minha mãe é a pessoa mais transparente que existe. Não consegue disfarçar quando está triste, ou feliz, ou chateada,...

Minha mãe morre de saudades da minha avó.

Minha mãe fica uma figura quando fica "altinha".

Minha mãe me liga para saber notícias dos meus irmãos.

Minha mãe adora herdar as roupas da minha irmã e as minhas (agora cabem porque ela está magrinha!)

Minha mãe cuidou do meu porre no meu chá de panela (que situação!).

Minha mãe não saiu do meu lado no hospital (mesmo quando não estava ao meu lado).

Minha mãe gosta de escrever cartas e bilhetinhos.

Minha mãe manda e-mails sempre com assunto "Papinho de mãe" (dava um outro livro).

Minha mãe fez uma tatuagem aos 58 anos (corajosa!!)

Minha mãe tem pavor de fazer ressonância magnética (medrosa!!)

Minha mãe é completamente apaixonada pelo meu pai (e morre de ciúmes dele).

Minha mãe é minha melhor amiga (junto com a minha irmãzinha).

Minha mãe é a melhor mãe do mundo!!!

Hoje é dia de homenagear a minha mãe que faz 60 anos. Resolvi usar o mesmo formato para ela não ficar com ciúmes do meu pai! rsrs

Feliz aniversário, mãezinha! Te amo como um anjo!

domingo, 18 de janeiro de 2009

Marouço


Terminaram o dia exaustas. Muito sol. Muita gente. E ainda era sábado... E a meteorologia previa sol para domingo também. Seria um fim de semana movimentado!

Passaram a tarde alternando momentos calmos com outros bem agressivos demonstrando que também têm mau humor, ressaca, TPM. São temperamentais e muito influenciadas pela lua, mas não acreditam em horóscopo.

De tanto estourar na areia, sentiam-se quebradas mas tinham que se recompor em questão de segundos. Têm o seu papel para cumprir ali com muitos e não podem decepcionar ninguém.

A começar pelos rapazes dourados com sua pranchas sob os pés. Se inflam para servir de passarela deslizante para o grande desfile mas também fazem questão de derrubar os engraçadinhos. É o auge de exibição. Dos dois lados. Um não vive sem o outro.

Também gostam de se transformar em espuma para ver as crianças achando que é possível pegá-las. Divertir os pequenos é uma das funções mais agradáveis. Apesar de, sem querer, derrubarem alguns castelos de areia. No horário da manhã normalmente ficam mais calmas para atender à esse público.

Sentem-se poderosas dando prazer ao refrescar tantos corpos quentes. Mas não gostam quando são apanhadas com um baldinho qualquer por algum medroso com medo de se entregar à um abraço salgado.

Dão gargalhadas ao assustar a platéia da primeira fila ameaçando invadir o espaço seco. Às vezes é só de brincadeira mas quando vem para valer, é o recado de quem é que manda ali, quem é dona do pedaço. Mesmo assim têm que engolir cada coisa que você jamais acreditaria...

Detestam os dias de chuva ou nublados quando ninguém liga para elas e ficam sem nada para fazer. Suas funções ficam limitadas aos habitantes do fundo do mar, ou seja, só obrigação sem diversão.

Mas é quando anoitece que elas fazem o que bem querem. Sem quase ninguém olhando, invadem a areia, fazem barulho, bagunça, guerra de espuma, busca ao tesouro, desafiam a maré, os pescadores e os peixes. Mas nunca dormem. No máximo um descanso rápido.

No dia seguinte começa tudo de novo, o vai e vem ininterrupto, o chacoalhar incansável, uma atrás da outra...

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Em partes

Que parte de mim reparte o que quer partir do que quer ficar?
Que parte de mim disfarça o que é real do que quer pular Carnaval?
Que parte de mim dança bolero enquanto o que toca é tango?
Que parte de mim apaga os pontos e rabisca contos?

Que parte de mim esconde o sentimento vil e me torna infantil?
Que parte de mim lembra do gosto para esquecer do oposto?
Que parte de mim sopra o vento para passar o tempo?
Que parte de mim sonha dormindo e acorda sorrindo?

Que parte de mim sente um beijo ardente num gole de café quente?
Que parte de mim escorre pelo ralo quando os pingos são salgados?
Que parte de mim conta os minutos para perder a hora?
Que parte de mim tenta voar mas tem medo de decolar?

Que parte de mim reinventa o certo atropelando o errado?
Que parte de mim abraça o travesseiro e se despe para o espelho?
Que parte de mim confunde despertador com despertar dor?
Que parte de mim veste as ondas do mar e sai a desfilar?

Que parte de mim percebe na pele o latejar da verve?
Que parte de mim começa em verso e termina ao avesso?
Que parte de mim cora ao ouvir e ferve ao dizer?
Que parte de mim é pouco, é contente, é bastante, suficiente?

Que parte de mim reparte, disfarça, dança, apaga?
esconde, lembra, sopra, sonha?
sente, escorre, conta, tenta?
reinventa, abraça, confunde, veste?
percebe, começa, cora, é ?

Que parte de mim procura pela parte que me deixa assim?

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Alívio

Há 2 meses venho me praparando para o dia 15 de janeiro. Uma decisão difícil de ser tomada que seria seguida por uma conversa mais difícil ainda, daquelas que dá dor de barriga só de pensar.

Decidi só me preparar na véspera para evitar essa angústia e embrulho no estômago, apesar de lembrar todos os dias que 15 de janeiro estava chegando.

Por obra do destino e para minha total surpresa (ou susto?) o dia 15 virou dia 14. Errei nas contas e fui surpreendida pelo meu desafio hoje pela manhã. Tremi por uns 15 minutos, zanzei pelos corredores por mais 10, respirei fundo uns 5, tomei coragem e encarei!

E assim, sem me preparar, sem ensaiar na frente do espelho, sem improviso, a conversa correu para o rumo certo, bem compreendida e tranquila.

Me sinto uns 5 quilos mais leve!

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Elogio?

Da impagável entrevista na Veja da auto-entitulada-estrela Suzana Vieira (que nitidamente está a base de prozac ou alguma coisa do gênero): "pessoas com deformidade mental, como seu ex-falecido-psicopata-marido, transam muitíssimo bem."

Basta saber se é melhor ser chamado de normal ou...

Já foi criado um novo bordão para os loucos de plantão que andam soltos por aí: "Fulano é o maior Fodão!"

domingo, 11 de janeiro de 2009

Seis décadas

Meu pai tem cara de Papai Noel, barba de Papai Noel.

Meu pai fica vermelho quando fica bravo.

Meu pai trocou meu nome de Maria Clara para Anna Luiza antes de sair da maternidade.

Meu pai é engenheiro mas virou "pousadeiro".

Meu pai se apaixonou por gente há 5 anos atrás.

Meu pai tem medo de bruxa (aquela mariposa enorme).

Meu pai mata a gente de susto quando leva susto.

Meu pai gosta de cochilar depois do almoço. E ronca.

Meu pai é cheiroso demais.

Meu pai tem os olhos azuis. Ou verdes? Ou cinza? Não sei. Os olhos dele são tão pequenininhos...

Meu pai é capricorniano e carioca.

Meu pai chora a toa (até vendo novela). E como gosta de uma novela...

Meu pai adora whisky, uma cervejinha, uma caipirinha. Ele teve 3 cachorros quando criança. Todos se chamaram Whisky.

Meu pai adora música (foi com ele que aprendi a gostar).

Meu pai é viciado em paciência e sodoku (também peguei isso dele).

Meu pai gosta de House (o seriado).

Meu pai fuma escondido. Ele fumava cachimbo quando eu era pequena.

Meu pai gosta de dançar um "dois pra lá dois pra cá" (e descobrimos recentemente que dançamos bem juntos).

Meu pai sonha em voltar a Las Vegas.

Meu pai não gosta de peixe nem frutos do mar, em compensação é totalmente carnívoro!

Meu pai tem muito orgulho do seu pai e mais ainda dos seus filhos.

Meu pai sente cócegas.

Meu pai adora crianças e é louco para ter netos.

Meu pai é muito teimoso (mais do que eu) e cabeça dura. Não dá o braço a torcer.

Meu pai sabe fazer de tudo.

Meu pai me deu só uma aula de direção (e uma bronca inesquecível quando subi no meio fio).

Meu pai dizia que queria colocar uma pedra em cima da gente para não crescermos.

Meu pai ainda tem muitas histórias para nos contar sobre a vida dele.

Meu pai faz 60 anos hoje, apesar de brincar que tem 55 (mas com corpinho de 50).

Meu paizinho, tenho muito orgulho de você! Você é o melhor pai do mundo! Te amo!!!

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Com pingo ou sem pingo

Amigos de longa data, da época do colégio. O Amigo, 1 ano mais velho. A Amiga, precoce e já cheia de histórias para contar. Agora era a vez dele passar por uma fase que ela já havia passado há 3 anos atrás.

A dúvida entre ir ou ficar, o dilema entre desistir ou tentar, a miopia para enxergar o que tinha acontecido com todo aquele amor, aquela afinidade, aquela paixão que resultou numa união com quase 6 anos.

A Amiga enxergava os sinais que o casal não ia bem. Ultimamente cada um fazia os programas que queriam. A maioria, separados. A minoria, juntos.

Nunca conversaram sobre como tinha sido a experiência dela de se separar, ou pelo menos o processo pré-separação, essa fase da dúvida. O pós-separação, todos sabem, só fez bem à ela.

Mas agora ouvindo a descrição do Amigo pensando na divisão dos objetos cheios de histórias, como seria começar uma nova vida sem ela, com quem ficariam as fotos, os discos, os móveis, o filme todo passa pela cabeça dela...

A Amiga quer ajudar mas não consegue. Quer tão bem ao Amigo que gostaria de dizer o que ele quer ouvir. Mas não sabe o que ele quer.

Que caminho seguir? Quanto tempo tentar? Quando jogar a toalha? Ela não tem conselho nem respostas para dar a não ser contar a sua experiência.

A Amiga sugeriu:
- Por que vocês não sentam para conversar, colocar os pingos nos i's?

O Amigo responde, fazendo graça da desgraça com a inteligência que lhe é característica:
- Porque na nova cartilha ortográfica, i não tem mais pingo.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Drops

Minha Nossa Senhora da Bicicletinha! Dai-me equilíbrio!

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Mágoas

Domingos se mudou para Lisboa. Pretendia passar 1 ano por lá fazendo um curso de pós-graduação em Direito Internacional. Ainda no Brasil tratou de conseguiu um emprego num escritório de advocacia na terrinha.

No escritório, tinha dois colegas brasileiros, mas dividia a sala com uma advogada portuguesa, Matilde, e também a secretária, Sofia.

Já na primeira semana foi aprendendo alguns termos idiomáticos que são usados de forma diferente do nosso português. Com o passar dos dois primeiros meses já tinha um vocabulário digno de Camões para ser empregado nas mais diversas ocasiões, de restaurante até farmácia, passando pelos termos jurídicos, claro.

Um certo dia, Sofia entra na sala, muito tranquilamente para entregar a Domingos alguns arquivos e comenta com um ar blasé que Matilde não ia trabalhar pois estava aleijada.

Domingos salta da cadeira, assustado! "Como assim aleijada??? Meu Deus! Como foi isso?"

Sofia deu de ombros, sem enteder a aflição de Domingos, que saiu da sala como um foguete atrás de mais informações com alguém mais inteligente e sensato que aquela figura que tinha o buço maior que o bigode do seu pai.

Encontrou com Henrique (brasileiro, opá) no corredor e perguntou, desesperado, se ele sabia que Matilde tinha ficado aleijada.

Henrique, que já mora em Portugal há 3 anos, caiu na gargalhada. Domingos continou sem entender nada e perguntou mais uma vez como foi que isso pode acontecer com aquela linda mulher de 30 e poucos anos.

O gajo malandro explicou que aleijar é usado para machucar. Matilde só machucou a perna ao sair da casa de banho.

Domingos tenta se recuperar do susto e se lembra de uma lição anterior de português: "Mas machucar não era magoar???"

Ora pois...

domingo, 4 de janeiro de 2009

Equação

Domingo + Chuva = Cama = Filminhos = Guloseimas = Preguiça = ...

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

"Sem medo de perder"

No final do ano a gente sempre lê textos por aí que mexem com a gente e o que eu mais gostei foi o que a Martha Medeiros escreveu na coluna do Globo domingo passado (28/12/08) que vou transcrever aqui para dividir com vocês. Tomara que aproveitem tanto quanto eu! Vale a pena ler até o final, eu diria até que é fundamental o final.

"Chega o final de ano, e a gente se projeta pro futuro de uma forma um pouco vacilante: por um lado, nosso espírito está voltado para a renovação, para investir em planos inéditos, combater nossas carências. É como se pudéssemos, de um dia para o outro, zerar o que foi vivido e nascer de novo.

Por outro lado, temos dificuldade em dar essa zerada, porque isso significaria abrir mão de algumas coisas, libertar-se do que não está dando certo, e o desapego não é uma prática corriqueira entre nós. O ideal seria que o novo ano nos recebesse de portas escancaradas para que passássemos com toda nossa bagagem, porém a porta não é tão escancarada assim. Não dá pra trazer tudo com você. Principalmente se você está tão repleto de desejos novos. Para que possamos receber o novo, é preciso deixar pra trás desejos antigos, sonhos frustrados. É preciso estar disposto a perder.

Foi lendo uma crônica do psicanalista Contardo Calligaris, de dezembro de 2005, que me deu o estalo: como é que eu vou abrir espaço para novos acontecimentos e emoções na minha vida se não consigo me despedir do que acumulei no passado?

Adeus ano velho. Foi ótimo, foi péssimo, foi fácil, foi difícil, me dei bem, me machuquei, teve de tudo. As emoções boas naturalmente irão se acomodar na minha mochila e vir comigo, e o que foi ruim pode ser transformado em aprendizado e vir também, mas alguma coisa terá que ficar pelo caminho. É como doar as roupas que já não usamos para poder liberar as gavetas.

Vale pra todos os setores da vida. Algumas pessoas desejam uma nova perspectiva profissional, mas em vez de dar um basta para o trabalho que já não serve, relutam em dispensá-lo e os prognósticos de novidade não se cumprem. Há os que querem parar de fumar, parar de engordar, parar de beber, mas pra isso terão que abrir mão de algo difícil de abandonar: o imenso prazer que certos maus hábitos proporcionam.

E tem aquele assuntinho onipresente, as relações amorosas. A gente já não vê mais graça em sofrer, não quer se acostumar com a dor, com as repetições, com a aridez do coração, mas como virar a página depois de tudo o que foi investido, de tanta tentativa, de tanto sentimento que não foi inventado, mas que existiu de fato? Pra responder a essa questão volto (e voltarei sempre) a uma frase do Norman Mailer: "As pessoas procuram o amor como solução para seus problemas, quando o amor é, na verdade, a recompensa por você ter resolvido seus problemas."

E emendo com uma citação que complementa a anterior. Do Calligaris, claro, guru e inspirador desta crônica:

“Meus votos para todos: um Ano-Novo sem medo de perder”.