E a vontade de transformar tudo em palavras é mais voraz do que a velocidade em que as vogais se apresentam na minha mente. A mente consoante, que não mente, é transparente. Mente com acentos de antigamente.
E como se um dicionário fosse desfolhado na minha frente, os sujeitos, substantivos, adjetivos, verbos e advérbios desfilam, esperando serem escolhidos para protagonizar a próxima sentença.
E o protagonista é sempre o mesmo sujeito, oculto, indeterminado, em busca de um artigo, indefinido que lhe apresente à altura.
E mesmo sem concordância, os coletivos se separaram, o plural se transforma em singular e o por que vira porque.
E os encontros vocálicos se tornam cada vez menos frequentes, sem trema nem drama, formando um hiato que nenhuma gramática consegue entender.
E o verbo é sempre transitivo, algumas vezes indireto, conjugado de acordo com o tempo, mas nunca chega a hora do ponto final. A interrogação permanece ao terminar cada oração.
E a sentença é engolida, apagada, pela mesma mente, com a mesma velocidade que chega, antes que o lápis possa tocar o papel e registrar o futuro do pretério perfeito.
terça-feira, 3 de fevereiro de 2009
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5 comentários:
Que texto lindo!!! Em forma e conteúdo. Adorei, Anna.
VC melhora a cada vigrula que escreve.....
Super.....
Bjs
SEN-SA-CIO-NAL.
E ponto final.
Beijos, Bia.
Depois de ler este texto, tenho até vergonha de escrever qualquer coisa no meu mundo... Lindo demais.
beijo
Nossa, simplesmente lindo! Quanto talento minha querida, você consegue dar graça até à gramática. Parabéns!
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