quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Brilho eterno de uma mente sem lembranças

- Eu tenho que ir. Tenho que pegar a minha carona.
- Então vá!
- Eu fui...
- Queria que você tivesse ficado.
- Eu também queria ter ficado. Agora eu queria ter ficado, queria ter feito um monte de coisas... Eu queria. Eu queria ter ficado. Queria sim...
- Eu desci e você já tinha ido.
- Eu sai. Fui embora por aquela porta.
- Por que?
- Não sei. Me senti um menino apavorado. Era mais forte que eu. Não sei...
- Estava com medo???
- Estava! Pensei que soubesse que eu era assim. Corri de volta para a fogueira tentando superar minha humilhação. Eu acho.
- Foi alguma coisa que eu disse?
- Foi. Você disse: "Então vá!", com tanto desdém, sabe?
- Me desculpe.
- Tudo bem...
- E se você ficar dessa vez?
- Eu já fui embora. Não sobrou nenhuma lembrança.
- Volte e faça uma despedida, pelo menos. Vamos fingir que tivemos uma...
- Adeus.
- Eu te amo...

Um comentário:

Anônimo disse...

Jamais compraria a “Pílula do Esquecimento”,
não ao preço de obliterar minhas memórias,
como a daquele baile de clube em que a conheci,
ou daquela noite de amor imprevisto à véspera de uma viagem da qual talvez não voltasse vivo.
Muito caro e desesperador esquecer da visão
da tez rosada de mulher realizada, satisfeita...

Prefiro, ainda que com dor,
o brilho eterno de uma mente com lembranças.