sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Diário de uma ausência

O coração diante da tela parece querer invadir essa máquina e chegar sei lá onde! Como se fosse me conectar com alguma coisa maior, fosse me trazer lá de longe a felicidade que achei em horinhas de descuido.

Os sorrisos na memória e pendurados nas paredes. Nas esquinas do Leblon. No pôr do sol. No nascer da lua. Até mesmo na chuva. Nas manhãs de domingo. Abstinência de amor. Carinho por telepatia.

A ausência por opção não dói menos do que aquela que nos é imposta. Abrir mão (racionalmente) do que a gente mais quer na vida deixa um vácuo que nem todas as inesquecíveis recordações são capazes de preencher.

Todos os sentidos só trazem memórias:

Impressas na retina que basta fechar os olhos para o longa metragem passar inteiro. Com trilha sonora e efeitos especiais.

Grudados no ouvido, o tom doce de cada palavra, o som de cada gargalhada, a música da respiração durante o sono.

O cheiro único que mistura pele, perfume e gel que fazem as pernas tremerem e o sangue dar 3 voltas no corpo em menos de 1 segundo.

Sinto o calor da pele, do corpo inteiro. Sinto minhas mãos passarem pelos cabelos, pelo rosto. Sinto a textura como se estivesse já incorporada na ponta de cada dedo.

O gosto indescritível dá água na boca. O melhor sabor do mundo. De café. De pasta de dente. De cama. Gosto de vida.

O único sentido que falta é o sexto. Esse está com defeito. Deu tilt.

O coração diante dessa tela parece esperar por uma resposta sem nem mesmo saber qual é a questão. Ser ou não ser? Casar ou comprar uma bicicleta? Direita ou esquerda? Isso na verdade não importa. O coração sabe o amor que comporta. Os cinco sentidos sim estão atentos aos sinais de uma resposta. Seja ela qual for.

E quem achar uma varinha mágica a venda por aí, por favor, me avise! Assim será possível fazer um conto de fadas ter um final feliz!

3 comentários:

Anônimo disse...

Previlegiado aquele, objeto dessa poesia linda,
previlegiado eu e todos nos, de podermos ler e compartilhar esse teu amor
tão forte e verdadeiro que faz “irrelevante” ser ficção (tá bom !!) ou
existente ,
previlegiadissima vc por todos os sentidos tão afinados
que me fazem ver esse longa metragem tambem, ouvir todo o encanto dos
sons, me permite sentir todos os aromas e me fazem descobrir que até
meu tato esta clonado com o teu .
Parabens pela poema lindíssimo, por estrofes tão bem escritas, pela detalhada
descrição que dá “inveja” a qualquer um que leia, por não ser o protagonista,
sobretudo inveja de não ser vc , que vive esse amor tão especial, nada menos que especial.
Obrigado , eu sou um previlegiado.
ILU

ANNA disse...

Privilegiada eu sou de receber esse elogios!!! Muito obrigada!!!

Anônimo disse...

tristemente belo ou belamente triste...beijo no teu coração.JC