Nesse fim de semana, dei uma variada nos meios de transporte. Andei de metrô e de ônibus depois de anos! Até aí, nada de mais. Não sou uma E.T. que não conhece os meios de transportes públicos, mas nos últimos anos mal tiro o carro da garagem. Ando a pé mesmo! 3 quadras pra lá, 4 para cá, e meu dia a dia se resume ao Leblon mesmo.
Mas esse post é sobre a falta de personagens que senti no metrô e nos ônibus do Rio. Talvez por ser fim de semana, mas acho que o problema não é necessariamente esse. Acho que o olhar sim é diferente...
Nas minhas viagens, adoro fotografar gente no metrô : crianças, velhos, etc. Tenho uma coleção razoável de clicks pelos vagões do mundo. Aqui não encontrei nada de interessante. O único, mais ou menos curioso, foi um travesti. Mas não era um traveco glamouroso. Parecia uma empregada doméstica. Tão simples que não consegui enxergar como um bom personagem.
Fiquei pensando se nos acostumamos a nós mesmos e não conseguimos achar graça nas nossas próprias caras, nas nossas raízes. Tudo parece tão comum por aqui... Um monte de japoneses no Japão é interessante mas um japonês em São Paulo, não... Uma criança loirinha na Alemanha é fofa, em Porto Alegre, nada de mais. O próprio metrô, que é bem ajeitadinho aqui, não parece ter a mesma graça que os subways ou tubes. Tenho fotos de mendigos em Paris, mas aqui, nunca olhei para um com o olhar fotográfico. Temos vergonha de sacar a câmera nas ruas e praias no Rio, mas lá fora, andamos com ela pendurada no pescoço sem problemas (tá certo que aqui é perigoso...).
O mesmo serve para paisagens e construções históricas ou modernas. Nós admiramos a Catedral de Notredame, ou o L'Opera, e passamos todos os dias pelo Theatro Municipal ou pela Candelária sem dar a mínima! Um MOMA lá fora é mais interessante que um MASP ou um MAM aqui. Por acaso as praias de Miami são mais bonitas que as do Rio? Quantos já foram ao Zoológico de Berlim ou de Buenos Aires e talvez nem saibam onde fica a Quinta da Boa Vista? Tantos cariocas nunca foram ao Cristo, ao Pão de Açúcar, mas fazem questão de fotografar loucamente a Torre Eiffel ou a de Pisa. Na Argentina, vamos a shows de Tango. Aqui, os gringos querem ir ao Plataforma ver as mulatas, que fazem parte do nosso dia a dia, sambarem.
Não me excluo dessa distância de nós mesmos. Conheço bastante coisa do mundo, mas do Brasil, quase nada! Shame on me!
Nossas paisagens e nossas caras estão batidas para nós! Está na hora de trocar meus óculos...
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Um comentário:
Acho natural. Ruim, mas natural. Eu mesmo, só depois de começar a estudar arquitetura na pós é que fui descobrir Sampa (minha cidade) de verdade. Passei a esmiuçar cada canto que podia. E é uma experiência fantástica. Tenho uma amiga Parisiense que disse que só foi aos museus de lá quando criança, quando a escola levou. Familiar esse discurso né?
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